Fazendo a diferença: a promoção da cidadania em Escritores da Liberdade

Saudações, amigos do Claquete Dez...


O que é verdadeiramente EDUCAR?

Quando, há alguns anos, decidi me tornar professora, minha mãe, que já lecionou durante boa parte de sua vida, me disse que educar é mais do que simplesmente passar um conhecimento aos alunos. É buscar contribuir, a cada aula, para o crescimento da turma, como alunos e principalmente, como indivíduos e parte de algo maior, podendo contribuir para fazer um mundo melhor.

Tento levar essa mensagem para a sala de aula todos os dias. Uma grande inspiração para mim foi, há alguns dias, assistir ao fabuloso (e melhor, uma história real) Escritores da Liberdade, de 2007. Dirigido por Richard La Gravenese, é estrelado pela premiada atriz Hillary Swank no papel principal da professora Erin Grunwell. O filme motiva e recarrega as baterias de quem o assiste, sendo você da área da educação ou não.

Cheia de esperança e motivação, a professora Grunwell vai trabalhar em uma escola pública. Dócil e bem-educada, logo ela percebe que terá um desafio e tanto pela frente, o qual vai exigir dela uma mudança de postura.

Convidada a lecionar Língua Inglesa, em suas primeiras aulas, os alunos, acostumados a serem desprezados por sua origem pobre, a desafiam de todas as formas. Gritam, brigam entre si e dizem, em vários momentos, que ela é desnecessária ali. "Você é uma ricaça que não sabe quem somos, nem o que sentimos", disse a ela um aluno.

Nesse momento, a educadora vira o jogo: pergunta aos alunos se eles sabem o que foi o Holocausto. Explica que ele consistiu, entre outras coisas, em pregar que alguns seres humanos valiam mais do que outros, matar e guerrear em nome dessa tese. Desperta nos alunos total vontade de buscar o conhecimento, ao se colocar numa posição de igualdade para com eles.

A partir disso, a Sra. G., como passa a ser chamada pela turma, começa sua missão. Com firmeza, disciplina e real interesse por seus alunos, lhes mostra o quanto é importante aprender, conhecer o mundo e sua história para se sentir SUJEITO. Mesmo alunos resistentes e sofridos, como a jovem mexicana Eva, começam a tratá-la com carinho, respeito e amizade, ao ver que ela os entendia e, a cada aula, queria vê-los crescer e se afastar do perigo das ruas.

Por meio de dinâmicas interativas, visitas a museus e leitura de livros como "O Diário de Anne Frank", a Sra. G. vai mantendo os alunos interessados. Eles percebem pela primeira vez que têm muito valor para si mesmos, para ela e para o mundo.

Motivados pela história do livro, encaminham redações à mulher que convivera com Anne Frank em seu esconderijo na Alemanha nazista. Mais do que isso, em grande esforço conjunto, trazem-na para uma palestra no colégio.

O "lado B" dessa bela atitude de Erin em sua missão fica por conta da resistência dos colegas, que se opõem veementemente ao modo como ela trata os alunos, enquanto a turma está fascinada. Inveja, nada mais.
Seu esposo Scott (vivido pelo não menos premiado ator Patrick Dempsey), antes compreensivo e empolgado com o trabalho de Erin, passa a criticá-la, afirmando que ela agora só pensa nas horas em que está com a turma. Mas ela segue em frente.

Erin pede aos alunos, que já desejam que ela permaneça com eles nos próximos anos do Colegial, que cada um faça um diário. "Vocês podem escrever qualquer coisa no diário", disse ela. "Se quiserem que eu o leia, coloquem o diário no armário da classe e deixem a porta aberta. Se não, vou respeitá-los e não lerei o que escreveram".

Surpreendentemente, todos passam a contar suas histórias, de luta, dor, alegrias e angústias, nas páginas do diário. Isso os une e os vivifica. A compilação dos diários, mais tarde, deu origem ao livro The freedom writers, que inspirou o filme.

Vale muitíssimo a pena assistir à bela história. Faz a gente pensar, mesmo nos dias "de saco cheio", que nossa conduta e a forma como tratamos os outros FAZEM A DIFERENÇA.


Luz, câmera, EDUCAÇÃO!

Meu abraço nesta semana vai para meus alunos e colegas professores.

Em especial, nesse post, homenageio meus queridos mestres, que me inspiram a trabalhar motivada todos os dias. Também aos amigos Be, Clau e família, Rafael, Andressa e Fernando, o Claquete Dez agradece.









Invictus: um grande líder, um aprendiz fantástico


Saudações cinéfilas, amigos do Claquete Dez...


Definir Invictus como MARAVILHOSO é reduzir o impacto que ele causa a quem o assiste. É uma das mais lindas histórias que já conheci.

Durante o feriado da Independência, tive oportunidade de assistir ao filme Invictus, de 2009. Dirigido por Clint Eastwood, tem o mestre Morgan Freeman e o não menos excelente Matt Damon nos papéis principais.

A produção conta a história de um dos maiores líderes de nossos tempos: Nelson Mandela. Tem início à época em que este foi libertado da prisão onde ficou durante 27 anos e se torna presidente da África do Sul. Numa época pós-apartheid, Mandela (ou Madiba, como é chamado, maravilhosamente interpretado por Morgan Freeman), tem uma dura missão pela frente.

Frente aos comentários maldosos e à resistência dos funcionários do antigo governo sul-africano, Mandela ousa liderar. Pagar o mal com o bem, pregar o perdão e a igualdade e acolher mesmo aqueles que pensam de modo diferente do seu, pedindo, pela conduta honrada e pacífica, um voto de confiança.

O filme conta, paralelamente, a história do time de rugby sul-africano, os utilizado para amenizar as marcas que a segregação racial trouxe à convivência de brancos e negros. Capitaneado pelo persistente François Pineaar (representado pelo fantástico ator Matt Damon, que superou muitos limites para fazer esse papel), o time vai de mal a pior.

A pedido de Mandela, François apresenta-se à casa presidencial. Recebe dele uma importante missão: motivar seu time a ser querido pela nação. Mais ainda, a formar uma nação, já que o apartheid deixara ferimentos profundos na vida dos sul-africanos. Não sem resistência e angústias, François consegue o que lhe foi pedido.
Em cada cena, percebemos Mandela ensinando. François, em se permitindo ensinar, passa a ser um líder ainda mais entusiasmado junto ao seu time.

O time passa, então, a disseminar as ideias do presidente Mandela, ensinando rugby nas comunidades mais desfavorecidas do país. É uma lição para os jogadores, para os garotos que aprendem e para a nação. Também para nós, que assistimos ao filme.

É incrível perceber como Mandela se interessa verdadeiramente pelas pessoas, decorando seus nomes e preocupando-se em levar a cada habitante do país uma palavra (e um exemplo) de que boas atitudes e gentileza valem a pena. Veste a camisa do time e motiva a nação a fazer o mesmo. Atitude que resultou em um surpreendente resultado do time da África do Sul na Copa do Mundo de Rugby, em 1995.

Cada cena dessa belíssima produção constitui, para a gente, um poderoso ensinamento.

Vendo Invictus, me emocionei muitas vezes. Torci pelo time de Pineaar, me entristeci como o capitão ao visitar a prisão em que Mandela ficou durante 27 anos. Chorei com o poema de Willian Henley, cujo nome é Invictus. Nele, Madiba busca forças para lidar com a tristeza na prisão, mas também se motiva ao tornar sua alma invencível frente aos problemas.

O filme foi indicado ao Globo de Ouro de melhor direção (Clint Eastwood), ator (Morgan Freeman) e ator coadjuvante (Matt Damon) neste ano. Recebeu também duas indicações ao Oscar: a de melhor ator para Morgan Freeman e melhor ator coadjuvante para Matt Damon.

Invictus é, enfim, uma lição imperdível.

O abraço do Claquete hoje vai para os fiéis "espectadores" deste blog Be, Clau e família, Andressa, Wagner (bj!) e Fernando.

A atualidade da crítica de Jorge Amado em Capitães da Areia


Marginais ou marginalizados?

Essa é a pergunta que paira em nossas mentes ao ter contato com a história escrita nos idos de 30, mas que é, mais do que nunca, atualíssima.

Falando da obra Capitães da Areia, de Jorge Amado, o Claquete hoje fará uma viagem pelo universo literário, uma vez que o filme homônimo será lançado em novembro próximo. Sob direção da neta do autor, Cecília Amado, o filme promete mexer com as emoções de muita gente. Principalmente por desconstruir muitos dos pré-conceitos e padrões que regem a vida social.

A história, carregada de um tom jornalístico muito forte, faz uma crítica contundente à voz (ou à falta dela) e à vez (ou nenhuma vez...) dos menos favorecidos, em nossa sociedade.
Pedro Bala é o chefe de uma turma de meninos de rua, que, destituídos de carinho materno ou de qualquer outra perspectiva de sobrevivência, moram num trapiche abandonado da capital da Bahia.

Personagens densos, complexos, contraditórios, sensíveis. Bala, Gato, Professor, João Grande, Sem-Pernas e os outros dedicam-se a assaltos e outros crimes. São foras-da-lei, e as autoridades vigentes não se cansam de declarar isso via mídia.

Na contramão, pessoas como a mãe de santo Aninha, o capoeirista Querido de Deus e o padre José, lutam incansavelmente pelo bem-estar deles. Os veem como crianças que ainda podem sair dessa vida de erros e dores.

Durante a trama, os capitães amam, odeiam, roubam, são capturados pelo Reformatório, sofrem, riem, se encantam, se apaixonam. É especial a passagem do livro em que a jovem Dora chega ao bando. Lá, ela faz as vezes de mãe. De irmã. De amor eterno de Pedro Bala.

Eu, ao conhecer essa história por meio da minha amiga Cláudia, sorri, chorei e, certamente, cresci. Li o livro em menos de uma semana.

Aliás, vale (e muito) a pena ler o que a Clau escreveu no http://leioenleio.blogspot.com/2010/06/capitaes-da-areia.html sobre a obra.

Acima de tudo, os meninos, marginais, mas principalmente marginalizados, são seres humanos, retratados com muita propriedade pelo autor baiano. Para escrever Capitães da Areia, Jorge Amado foi viver durante algum tempo com os meninos de rua de Salvador. Presenteia-nos com uma visão diferente, que nos faz sair do nosso "quadrado"e olhar o mundo de forma mais humana.

Aos amigos e leitores do Claquete, aí está o link do trailer do filme Capitães da Areia, cuja trilha sonora é do maravilhoso Carlinhos Brown.


http://www.youtube.com/watch?v=7ySUSToBF_U

O abraço do Claquete Dez hoje vai para Clau (obrigada, amiga!) e família, Cris Possamai, Jhonny Colin, Andressa e Be.

Luz, câmera, HUMANIZAÇÃO.