Rain Man: os tesouros que o dinheiro não compra


Olá seguidores do Claquete Dez! 
Após alguns meses afastada, volto com força total às postagens. O premiado filme-post de hoje traz uma lição essencial. Conta uma história inicialmente comum. Charlie Babbit é um homem egoísta, ambicioso e que há muito não fala com o pai. Com a morte dele, no entanto, descobre ter um irmão, o qual herda três milhões de dólares com o falecimento do pai. Charlie é a personagem interpretada por Tom Cruise em Rain Man, de 1988, Oscar de melhor filme no ano seguinte. A trama, dirigida por Barry Levinson, seria corriqueira, como as muitas vistas no cinema e acompanhadas via literatura e Jornalismo, não fosse a situação do irmão de Charlie, Raymond, interpretado magistralmente por Dustin Hoffman, vencedor do Oscar de melhor ator pela atuação. Ray é autista e portador da Síndrome de Savant, a qual, durante muito tempo, foi chamada (de certa forma, injustamente) de Idiot Syndrom.
Raymond Babbit é um homem de aproximadamente 40 anos, suas limitações, mas, sobretudo, sua incrível capacidade de memorizar e reproduzir datas, fatos, vozes, números e  demais informações. Seus rituais (só dirigir às segundas-feiras, dormir sempre às 11 da noite, comer sempre o mesmo cardápio e dormir perto da janela) têm para Raymond grande importância. O que gera conflitos entre ele e Charlie. 
          Raymond, como uma criança, interrompe conversas, fala o que sente vontade, entra em ambientes sem ser convidado e compra somente nos mesmos lugares. Enfim, volta-se somente para si mesmo. Algo característico aos portadores da Síndrome de Savant. Ao mesmo tempo em que apresentam deficiências e um comportamento peculiar, permanecendo, por vezes, catatônicos e repetindo sem parar informações, têm habilidades superiores às dos indivíduos ditos normais. Dentre elas, estão: grande facilidade em fazer cálculos complexos (expressa em uma cena em que um paliteiro cai no chão e, em uma fração de segundos, Ray diz haver ali 246 palitos), uma memória fotográfica (quando ele faz uma comparação do estado do carro herdado por Charlie a como este era quando o pai de ambos o visitava, na clínica). 
Sobre a delicada relação entre Charlie e Ray, cabe destacar uma cena em que Raymond tem uma crise nervosa (na cena de aeroporto e na hora em que Charlie prepara o banho de Raymond, na banheira) dão conta de uma relação prévia entre os dois irmãos. 
          Ao longo do filme, porém, o laço entre os irmãos Babbit se fortalece de modo definitivo.  A convivência, inicialmente motivada pelo desejo de tomar posse da herança de Raymond, é uma forma contundente de fazer Charlie perceber o que verdadeiramente tem valor. Este vai se modificando ao longo do filme, tendo, em Ray, uma razão a mais para existir. Vai aos poucos se adaptando às manias e ao jeito inocente do irmão, em nossas vidas. Aquilo que o dinheiro é incapaz de nos dar: o amor.

          Dedico esse post a dois queridos amigos para quem a saúde e o bem-estar do próximo são prioridade absoluta: Dr. Jaime e Dr. Rodrigo. 

         Luz, câmera, MISSÃO

Quando o amor está acima das diferenças: Era uma vez




Amigos seguidores... saudações cinéfilas!




Após um período de correrias e mudanças, estamos de volta semanalmente nesse espaço da blogosfera.


Para começar, falo um pouquinho do filme-post de hoje. Uma produção nacional de 2008, e que traz uma história de romance, que seria clichê não fosse a relação de verossimilhança com a realidade: Era uma vez, de Breno Silveira.


Nina (Vitória Frate) é a única filha do executivo Evandro (Paulo César Grande). Os dois moram em um apartamento de frente para o mar em um dos endereços mais nobres do país, a Av. Vieira Souto, Ipanema, no Rio de Janeiro.


Em frente, em um quiosque de lanches, trabalha o esforçado Dé (Thiago Martins), morador da favela do Cantagalo, que, paradoxalmente, fica próxima à requintada praia. Batalhador e sofrido, Dé trabalha com unhas e dentes para escapar ao destino dos homens de sua família. O irmão do meio fora morto na sua frente por traficantes. O mais velho, Carlão (Rocco Pitanga, em maravilhosa atuação), está preso.


Junto à mãe Bernadete (Cyria Coentro), Dé batalha por uma vida melhor. Eis que um dia o destino dele se cruza com o da jovem Nina. Inicialmente, os dois conversam de maneira informal, mas logo percebem que estão apaixonados um pelo outro.


As diferenças, muitas e notórias, são em muito ultrapassadas pelo amor que sentem. A velha história da menina rica com o garoto pobre é alvo de preconceitos do pai de Nina e também da mãe de Dé. Ambos têm medo que seus filhos se machuquem. Porém, nada disso é suficiente para barrar esse amor.


Nesse meio tempo, Carlão, o irmão de Dé, sai da cadeia e se torna o novo "herói" do morro. Simultaneamente, chega a hora em que Nina e Dé têm de ser mais fortes.


Paixão, dor, tristeza, alegria, criminalidade, amor, suspense: tudo isso faz parte dessa trama. Vale a pena assistir ao filme que tudo tinha para ser um clichê, mas se destaca pela sutileza e riqueza de suas personagens. Um filme que surpreende até os corações menos sensíveis, pois mostra um pouco do Brasil e muito do amor.


O abraço do Claquete vai para Clair, Teresinha, Fernando, Cláudia, Guto e Caetano. E pra todas as pessoas que iluminam minha existência.



Luz, câmera, PAIXÃO.