Uma amizade imortal: a sensibilidade de Sempre a seu lado


Olá, amigos do Claquete Dez!


A vida, por vezes, nos oferece presentes de valor inestimável, justamente quando menos esperamos. Essa, amigo seguidor, é a tônica do belo filme post de hoje, Sempre a seu lado (Hachiko: a dog's story, 2008, sob direção do sueco Lasse Hallstrom).


Tudo começa no Tibet, quando um filhote de cão da raça Akita, conhecida por sua sagacidade, fidelidade e inteligência, é mandado para a América. A história é baseada em fatos reais ocorridos na década de 1930 no Japão. Escolhi esse filme pelo fato de ele reunir duas de minhas paixões: o cinema e os bichos. Além da linda história, na qual a presença de um animal de estimação muito especial transforma a vida de uma família. Hachiko, ou Hachi, chega a uma pequena estação ferroviária norte-americana.


É aí que os destinos dele e do professor universitário Parker (Richard Gere) se cruzam. O animalzinho foge da gaiola em que veio e "elege" o professor como seu dono. A partir daí, Hachi conquista não somente ao professor, mas a todos nós que assistimos a essa linda história. Os percalços enfrentados por Parker para adotar o cão não são poucos. A oposição ferrenha da esposa, que, ao perder seu cão, pouco tempo antes, ficara muito abalada, é o mais forte.


Porém, a inteligência e jeito carinhoso de Hachi logo conquistam a todos. Seu comportamento fiel com relação a Parker é de impressionar. Todos os dias, quando o professor sai para suas aulas na universidade, Hachi o acompanha, vai para casa e o espera voltar, pontualmente, às 17 horas.


Um dia, entretanto, Parker sofre um enfarte. Tudo muda e, ante a mudança, Hachi, na mudança, acaba indo morar com a filha deles. Entretanto, sua casa passa mesmo a ser a estação de trem, já que os esforços da família em mantê-lo em casa mostram-se inúteis. É lá que, dia após dia, o cão aguarda seu grande amigo. A comunidade, que já conhece os hábitos e a fidelidade de Hachi, passa a alimentá-lo.


É de cortar o coração vê-lo, faça chuva, faça sol, aguardando Parker, que não voltará. A história chama a atenção da imprensa, que relata a história do cão. Enfim, uma história que fica na memória e no coração da gente. Essa trama, longe de ser piegas ou sentimentaloide, nos faz pensar no significado da verdadeira amizade, sendo ela um dos grandes presentes que a vida nos dá.

Dedico esse post a todos os que valorizam os amigos (humanos, caninos, felinos ou afins) e amores verdadeiros. Abraços claquéticos para Líz, Dê, Clau, Laura, Be, Jhonny, Rá e Fernando, fiéis amigos e seguidores desse espaço na blogosfera.


Luz, câmera, ADMIRAÇÃO.

Cisne negro: quando a emoção insandece


Olá, amigos do Claquete Dez... saudações cinéfilas, ainda em clima de Oscar.


Diferentemente dos filmes-posts anteriores, não falaremos de uma trama edificante ou "happy end", mas de uma história densa e, na mesma proporção, assustadora: Cisne negro.
A primeira vez que vi Natalie Portman em cena foi em um dos filmes da saga Star Wars, interpretando a mãe de Luke Skywalker, princesa Amidala. Seu talento, o que ficou evidente também ao assistir ao filme V de Vingança, não era algo novo para mim.

Entretanto, foi no perturbador Cisne negro (Black swan, 2010) que ela obteve sua total consolidação como grande atriz. Fui assistir à trama de Darren Aronofsky nos últimos dias do feriadão de carnaval, e valeu a pena. Na história, Portman, recém sagrada pela Academy Awards com o Oscar de melhor atriz, interpreta a talentosa, disciplinada e reprimida bailarina Nina Sayers.
Para fazer esse papel, percebe-se, amigo seguidor, que a atriz entregou-se completamente. As cenas são fortes, contundentes, chocantes e perturbadoras em muitos momentos. Aproveitei um dia em que estava com tempo livre para vê-lo.

Convidada a interpretar, no balé O lago dos cisnes, o duplo papel de cisne branco (bom, calmo e virginal) e cisne negro (maligno, agressivo e astuto), Nina decide que será a titular do papel após a aposentadoria da primeira bailarina da companhia, Beth McIntyre (Winona Ryder, em um papel em que as contradições e angústias bem próprias da condição feminina são magnificamente trabalhados pela atriz).

Ao tentar moldar-se para o difícil e dúbio papel, Nina é convidada a ser menos técnica e, consequentemente, mais segura em cena. Entretanto, ao lidar com a necessidade de trabalhar, digamos, o seu lado "sombrio", Nina entra em uma paranoia que a faz desmoronar completamente. A marcação cerrada da mãe (Barbara Hershey), uma bailarina aposentada que projeta na filha todas as suas expectativas e frustrações, a infantilizam (a começar pelo quarto, repleto de bichos de pelúcia) e distanciam da necessidade que todos temos de trabalhar nossa individualidade e de lidar com questões próprias do mundo adulto, como relacionamentos, sexualidade e autoconfiança. Ela, para a mãe, tem de ser tudo o que a própria não pôde ser. O que, vamos combinar, é pesadíssimo para qualquer ser humano.

A presença de Lily (Mila Kunis), sua possível substituta no papel e a cobrança constante do dono da companhia de dança, Thomas (Vincent Cassel, excelente no papel) a fazem colocar em prática seu lado B.

Uma infinidade de fantasias, delírios e visões por vezes violentas assustam o telespectador. Natalie Portman, com esse papel, a meu ver, questiona as cobranças feitas à mulher na sociedade, mas sobretudo nos contextos em que o feminino impera (balé, moda, etc.).

Na dança, metaforicamente, ela dialoga e se entrega, de forma brutal, à insanidade de não haver vivido a própria individualidade. O preço do papel, o qual Nina conquista, pode ser altíssimo.

Apesar de o filme ser uma verdadeira "pancada" , vale muito a pena ver Portman em cena.

O abraço do Claquete hoje vai para todos os que, como eu, nunca se furtam a assistir a uma boa história na tela, mesmo quando, em alguns momentos, desejamos para ela outro final.
Luz, câmera, REFLEXÃO.