Uma ideia para mudar o mundo em "A corrente do bem"


Olá amigos... saudações cinéfilas.


Pagar o que alguém nos fez de bom para, pelo menos, três diferentes pessoas.

Em um mundo em que más notícias e fofocas parecem ter tanto espaço, a ideia do filme-post de hoje é mais do que interessante.

Fazer o bem sem olhar a quem é, digamos, a moral de "A corrente do bem" (Pay it forward), de 2000. Dirigido por Mimi Leder, o filme conta com um elenco de atores consagrados, mas o destaque fica realmente com a boa história.

O professor Eugene Simonet (o ótimo Kevin Spacey, de Beleza Americana), no primeiro dia de aula, desafia seus alunos a criar, individualmente, uma ideia que mude o mundo. Simonet, sempre disposto e firme, mostra-se frágil toda a vez que alguém pergunta o que causou as profundas cicatrizes que traz no rosto.

Sentado na primeira fileira da classe, o esperto Trevor McKinney (Haley Joel Osment, de Inteligência Artificial) resolve colocar em prática um plano desafiador. Decide beneficiar três diferentes pessoas, exigindo apenas que elas "paguem de volta", auxiliando outras três pessoas. Eis que a corrente do bem entra em ação.

A primeira pessoa que ele decide ajudar é o andarilho Jerry (Jim Caviezel, de O conde de Monte Cristo). Sofrido e tentando vencer a dependência química, Jerry, já desacostumado a receber ajuda das pessoas, passa a buscar a dignidade há muito perdida.

Trevor, embora esperto e atento a tudo que está à sua volta, traz consigo uma grande tristeza. Sua mãe, Arlene (Helen Hunt, de Melhor é impossível, maravilhosa no papel), é alcoólatra e o desajustado pai Ricki (Jon Bon Jovi) os deixa toda a vez que o dinheiro acaba.
Por sua vez, o professor Simonet, ao perceber a obstinação de Trevor, o apoia incondicionalmente. É então que o aluno o inclui em sua lista de pessoas que necessitam de ajuda.

E busca, em sua inocência e boa vontade, unir sua mãe ao professor. Arlene, que há muito não falava com a mãe, resolve ir em busca dela e a perdoa, levando em conta o ensinamento repassado pelo filho Trevor.

A corrente do bem se torna célebre em todos os estados dos EUA. Trevor concede entrevista em rede nacional a respeito. Isso porque o repórter, que a promove, Jay, fora beneficiado pela corrente do bem. Sai, então, em busca da origem dessa ideia.

Essa história poderia ser piegas e dramática, mas é tão real quanto as que já ouvimos ao menos uma vez na vida. A vulnerabilidade e as fraquezas das personagens, assim como suas vitórias e superação de limites, são evidenciados.

Um filme muito especial, que nos faz pensar no que, de fato, temos feito em favor dos outros.

Os abraços do Claquete dez, hoje, vão para Clau, Be, Fernando, Líz e Rafael.

Luz, câmera, AÇÃO (em favor da gente e do próximo).





















À prova do tempo: um amor incansável em O amor nos tempos do cólera

Amigos do Claquete, saudações cinéfilas e hoje, especialmente literárias.

Por quanto tempo você seria capaz de esperar pelo amor de alguém?

Essa é a pergunta que dá início a uma das mais belas histórias que já tive a oportunidade de conhecer: "O amor nos tempos do cólera", de Gabriel Garcia Márquez.


O filme homônimo foi feito nos Estados Unidos, reproduzindo, nas telas, o belo e invencível amor de Florentino Ariza (Jávier Barden) por Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno). A direção primorosa fica por conta de Mike Newell.


Os dois se conhecem e se apaixonam à primeira vista quando ainda são muito jovens. O pai de Fermina, comerciante de origem humilde, é contra a união da filha com o jovem poeta, pois deseja que ela se case com alguém rico e que possa dar a ela uma vida digna e calma.

Ele a leva embora da cidade e, após alguns anos, Florentino ainda a espera. Aconselhado por sua mãe, Transito (a diva de nosso cinema, Fernanda Montenegro, em atuação impecável), o poeta aguarda sua amada.

Fermina, porém, acaba incorporando a ideia do pai, se casando, dentro de pouco tempo, com o médico Juvenal Urbino (Benjamin Bratt). O interessante, para mim que li o livro (meu favorito!) antes de assistir ao filme, foi perceber a diferença no foco narrativo. No livro, o protagonista é Juvenal Urbino, enquanto no filme, que tem um tom bem confessional, Florentino Ariza é quem dá as cartas.
Com o tempo, e acompanhando Fermina às escondidas, Florentino se torna um homem próspero, rico e muito assediado pelas mulheres, tendo em vista seu jeito de rapaz desamparado.

Juvenal e Fermina, a seu turno, se dão bem, apesar de muitas diferenças, e formam uma bela família. Até o dia em que, após mais de 50 anos de união, Juvenal morre em virtude de uma queda.

Florentino Ariza, incansável, após, o luto de Fermina, se reaproxima dela. E qual terá sido, leitor do Claquete, a reação da amada do obstinado poeta, agora empresário bem-sucedido?

Terá a chama desse amor sido reacendida entre Ariza e Fermina?

A história, ambientada na Colômbia, terra de Garcia Márquez, é inesquecível. Cenas fortes, algumas tórridas e outras comoventes, pontuam esse romance. A música "Penso em tí", da maravilhosa Shakira, é o tema principal. Fica aí a dica.

O abraço do Claquete desta semana é, primeiramente, para a Clau, a verdadeira "mãe" do Claquete Dez. Foi ela quem me incentivou para que criasse esse espaço na blogosfera. Também agradeço ao meu amigo-irmão Be, responsável pelo visual do blog. Meu Midas!

Abraços especiais, ainda, para Cris, Fernando, prof. Rafael, Liz e Guilherme.






O imagético, o real e o imaginário: o século XX em Nós que aqui estamos, por vós esperamos


Olá, amigos do Claquete Dez...

Inicio esse post com uma pergunta, já feita quando conversamos a respeito do filme "Adeus, Lênin", há alguns meses: como construímos os significados?

Em nossa vida, a comunicação é o que nos faz dar sentido a tudo o que está ao redor. Por meio de imagens, gestos, palavras e sons, atribuímos valor aos fatos. É isso que nos dá a noção de causa e consequência, e ajuda a estabelecer com o mundo uma relação de causa e consequência.

Essa é a tônica do excelente documentário "Nós que aqui estamos, por vós esperamos" (1998), do cineasta brasileiro Marcelo Masagão.

No documentário, o diretor busca resumir, somente usando imagens de arquivo, os acontecimentos marcantes do século 20. O resultado vai além do registro e da releitura histórica. É uma visão surpreendente, criativa e, em alguns momentos, aterradora de uma época.

Para contar a história do século passado, Masagão, a partir das imagens das lápides de um cemitério, começa uma narrativa que mistura a realidade (e as imagens de arquivo como signos até então inequívoco do real) e ficção, personagens reais e imaginados.

Elementos da realidade (como a explosão da Challenger ao vivo, em 1986) e a história (fictícia, mas altamente verossímil) dos homens da Família Jones e a luta em três grandes guerras são pontos-chave desse interessante documentário.

Verdade, espetáculo, verdade, ficção. Marcelo Masagão brinca com essas categorias e com os sentidos, com toda a noção de realidade e ficção que temos. Mexe, enfim, com nossos mapas de significado dos quais falou Stuart Hall. Ou seja, os padrões e códigos sociais que temos para significar o mundo e a ele atribuir valor.

Em “Nós que aqui estamos...”, as imagens são recortes do real que, acrescidas de elementos como uma legenda, uma narração, uma música ou outros, ganham outro significado.

É um documentário que vale a pena ver. Uma releitura dos grandes marcos do século XX, com um forte conteúdo crítico. A excelente trilha sonora de Win Mertens reforça essa visão.

O abraço do Claquete, nesta semana, vai para meus alunos da disciplina Teoria e Crítica do Jornalismo.

Luz, câmera, (re) construção!