Olá, amigos do Claquete Dez...
Inicio esse post com uma pergunta, já feita quando conversamos a respeito do filme "Adeus, Lênin", há alguns meses: como construímos os significados?
Em nossa vida, a comunicação é o que nos faz dar sentido a tudo o que está ao redor. Por meio de imagens, gestos, palavras e sons, atribuímos valor aos fatos. É isso que nos dá a noção de causa e consequência, e ajuda a estabelecer com o mundo uma relação de causa e consequência.
Essa é a tônica do excelente documentário "Nós que aqui estamos, por vós esperamos" (1998), do cineasta brasileiro Marcelo Masagão.
No documentário, o diretor busca resumir, somente usando imagens de arquivo, os acontecimentos marcantes do século 20. O resultado vai além do registro e da releitura histórica. É uma visão surpreendente, criativa e, em alguns momentos, aterradora de uma época.
Para contar a história do século passado, Masagão, a partir das imagens das lápides de um cemitério, começa uma narrativa que mistura a realidade (e as imagens de arquivo como signos até então inequívoco do real) e ficção, personagens reais e imaginados.
Elementos da realidade (como a explosão da Challenger ao vivo, em 1986) e a história (fictícia, mas altamente verossímil) dos homens da Família Jones e a luta em três grandes guerras são pontos-chave desse interessante documentário.
Verdade, espetáculo, verdade, ficção. Marcelo Masagão brinca com essas categorias e com os sentidos, com toda a noção de realidade e ficção que temos. Mexe, enfim, com nossos mapas de significado dos quais falou Stuart Hall. Ou seja, os padrões e códigos sociais que temos para significar o mundo e a ele atribuir valor.
Em “Nós que aqui estamos...”, as imagens são recortes do real que, acrescidas de elementos como uma legenda, uma narração, uma música ou outros, ganham outro significado.
É um documentário que vale a pena ver. Uma releitura dos grandes marcos do século XX, com um forte conteúdo crítico. A excelente trilha sonora de Win Mertens reforça essa visão.
O abraço do Claquete, nesta semana, vai para meus alunos da disciplina Teoria e Crítica do Jornalismo.
Luz, câmera, (re) construção!
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16 de outubro de 2010 às 11:28
Este filme é tudo para pensarmos a nossa história! Eu não me canso de assisti-lo. Ótima dica! Abraços.
30 de outubro de 2010 às 19:44
Obrigada Clau! A propósito (futebolístico, evidentemente), a cena em que se mesclam imagens de Garrincha e Fred Astaire, tendo um belo samba como trilha sonora, é a MELHOR do documentário.
Obrigada e venha sempre ao Claquete!!