Ética, poder e individualidade em xeque: Obrigado por fumar



Promover uma poderosa reflexão sobre ética nos negócios, e, acima de tudo, em nossa vida pessoal. Esse é o mote do filme Obrigado por fumar (2005). Este conta a história do controverso Nick Naylor (Aaron Eckhart), relações-públicas da indústria do tabaco norte-americana. Na história, tal como diz o slogan, Naylor não esconde a verdade, ele a filtra.


Seu ganha-pão, portanto, resume-se a defender os direitos dos fumantes. Para tanto, costuma "flexibilizar" sua ética, falando com convicção sobre o direito que as pessoas devem ter de fumar, se assim o desejarem. E em nome desse objetivo, Nick passa por cima de princípios essenciais, manipulando informações de modo a glamourizar o vício em nicotina em programas de TV e também na ficção. O curioso é que, semanalmente, ele se une aos porta-vozes da indústria bélica e de bebidas alcoólicas para combinar "estratégias" de persuasão.


E muito embora, amigo seguidor, esse filme trate do tema de forma leve, irônica e até cômica, em alguns momentos, a questão é séria. É um, tema que invariavelmente discuto com meus alunos de Jornalismo na cadeira de Assessoria de imprensa. Nick vive, sem dúvida, uma sinuca de bico no campo profissional, mas se eticamente esse campo o desagrada, o ideal seria deixá-lo. Mas ele se insere nesse contexto até a raiz dos cabelos, transformando e sendo transformado pelos lucros.

Nessa roda-viva, Naylor enfrenta opositores, dentre eles as organizações em prol da saúde e antitabagismo e um senador oportunista, Ortolan Finistirre (William H. Macy), cujo projeto de lei é colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros, algo semelhante ao que se vê em nosso país.


Para "maquiar" os efeitos deletérios do cigarro, Nick Naylor apela para um agente de Hollywood (Rob Lowe), com a finalidade de fazer com que o cigarro volte a aparecer, nos filmes, nas mãos dos mocinhos.


Ao longo da trama, ele se envolve com a repórter de um jornal de Washington e é sequestrado. É o começo do fim. Do fim do mito e do início da trajetória do indivíduo Nick Naylor, que passa a ser questionado inclusive por Joey, seu filho de dez anos, sobre as escolhas profissionais que faz.

O filme, a meu ver, mexe em pontos nevrálgicos, como vícios, monopólio industrial e, acima de tudo, daquilo que o ser humano, por dinheiro e poder, é capaz de fazer.

Esse post foi escrito especialmente para meus alunos da sétima fase de Jornalismo. Também para meus queridos (sempre questionadores) Dê, Cláudia, Guto, Be, Glauco, Maitê e Fernando.

Luz, câmera, COMUNICAÇÃO!






2 Response to "Ética, poder e individualidade em xeque: Obrigado por fumar"

  1. Líz says:
    26 de junho de 2011 às 13:00

    MUITO BOM o filme e a resenha =)

  2. Marília K. says:
    8 de julho de 2011 às 10:52

    Obrigada, Líz! :D Nova jornalista, parabéns!

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