O Brasil de 70 sob um olhar inocente: O ano em que meus pais saíram de férias


Olá amigos do Claquete Dez...

Hoje, vou falar de um filme que assisti há cerca de quatro anos e que me marcou pelo forte conteúdo crítico que carrega.

A trama se passa em São Paulo, na década de 1970. A efervecência da Copa do Mundo, com fenômenos como Rivellino e Pelé em campo. Primeiro mundial de futebol a ser transmitido em cores (obrigada, Clau , http://www.futeboldesaias.blogspot.com/), diretamente do México.

Época do auge da Ditadura Militar, governo Médici, pós AI-5 (de 68).

É esse o cenário em que se desenrola a trama do filme-post de hoje, O ano em que meus pais saíram de férias, de 2006. Dirigido por Cao Hamburger, o filme retrata os acontecimentos dessa época emblemática pelo olhar de Mauro, um garoto de 12 anos (Michel Joelsas).

Filho de militantes, Mauro fica sob os cuidados do avô por ocasião de uma viagem de seus pais. Questionada pelo filho, a mãe dele, Bia (Simone Spoladore) diz estar saindo para férias com o esposo Daniel. Os dois, na realidade, intentam sair do país para o exílio.

Enquanto isso, Mauro, que parece não ter a real noção do que está ocorrendo, dada sua inocência de criança, vê as coisas mudarem assim que seu avô (interpretado pelo saudoso Paulo Autran) falece. No bairro de Bom Retiro (famoso, em Sampa, por acolher, no passado, os imigrantes estrangeiros e os migrantes nordestinos), o garoto passa a viver sob a tutela de Shlomo (Germano Haiut, maravilhoso no papel).

Chamado de Moshle (Moisés) pelo judeu Shlomo, Mauro passa a perceber, ora angustiado, ora entusiasmado, o que está ao seu redor. É uma visão infantil, porém não alienada, do que o país está vivendo naquele momento. Ora ele se ocupa em se arrumar "a la Seleção Canarinho" para torcer pelo Brasil. Ora vai para a rua jogar, como qualquer menino de sua idade. Em alguns momentos, chora de saudades dos pais. Em outros, se aborrece com as rabugices e as repreensões de Shlomo, que, embora rígido, manifesta carinho por seu "Moshle". Até o momento em que Bia volta para reaver seu filho. De Daniel, o pai, ninguém mais soube.

É, seguramente, amigo seguidor do Claquete Dez, um dos retratos mais impressionantes da complexidade da década de 70. Uma mescla de inocência e sabedoria. De desencontros e reencontros. De perdas e ganhos. Uma visão contundente do real sentimento de NAÇÃO, na dor e na alegria.

A trilha sonora também é muito boa. Destaque para o samba "Balança pema", maravilhoso na voz de Jorge Ben (que era Ben, agora é Benjor), e que sempre ouvi na voz da (diva) Marisa Monte.

O abração do Claquete, nesta semana vai para a Clau, que muito me ensina. Amiga, esse post é seu.

Mais abraços claquéticos ao Be (amo!), Cris, Jhonny, Líz, Laura e Fernando.
Luz, câmera, NAÇÃO!

2 Response to "O Brasil de 70 sob um olhar inocente: O ano em que meus pais saíram de férias"

  1. Northon says:
    13 de dezembro de 2010 às 16:27

    Um dos filmes brasileiros mais bem produzidos em minha opinião. O no que meus pais saíram de férias deixa um sabor de quero mais, de ahh se todo filme tivesse esse detalhismo e essa primasia... Faz parte da minha DVDteca.
    Má, parabéns pelo excelente post... E viva o cinema brasileiro!

  2. Xica Inbox says:
    18 de dezembro de 2010 às 17:02

    Marília querida. Adorei sua resenha. Dei um selo de reconhecimento pra você. Dá uma olhada no meu blog. Beijos

    http://marciadenardi.blogspot.com/

Postar um comentário