Olá, amigos do Claquete Dez... saudações cinéfilas, ainda em clima de Oscar.
Diferentemente dos filmes-posts anteriores, não falaremos de uma trama edificante ou "happy end", mas de uma história densa e, na mesma proporção, assustadora: Cisne negro.
A primeira vez que vi Natalie Portman em cena foi em um dos filmes da saga Star Wars, interpretando a mãe de Luke Skywalker, princesa Amidala. Seu talento, o que ficou evidente também ao assistir ao filme V de Vingança, não era algo novo para mim.
Entretanto, foi no perturbador Cisne negro (Black swan, 2010) que ela obteve sua total consolidação como grande atriz. Fui assistir à trama de Darren Aronofsky nos últimos dias do feriadão de carnaval, e valeu a pena. Na história, Portman, recém sagrada pela Academy Awards com o Oscar de melhor atriz, interpreta a talentosa, disciplinada e reprimida bailarina Nina Sayers.
Para fazer esse papel, percebe-se, amigo seguidor, que a atriz entregou-se completamente. As cenas são fortes, contundentes, chocantes e perturbadoras em muitos momentos. Aproveitei um dia em que estava com tempo livre para vê-lo.
Convidada a interpretar, no balé O lago dos cisnes, o duplo papel de cisne branco (bom, calmo e virginal) e cisne negro (maligno, agressivo e astuto), Nina decide que será a titular do papel após a aposentadoria da primeira bailarina da companhia, Beth McIntyre (Winona Ryder, em um papel em que as contradições e angústias bem próprias da condição feminina são magnificamente trabalhados pela atriz).
Ao tentar moldar-se para o difícil e dúbio papel, Nina é convidada a ser menos técnica e, consequentemente, mais segura em cena. Entretanto, ao lidar com a necessidade de trabalhar, digamos, o seu lado "sombrio", Nina entra em uma paranoia que a faz desmoronar completamente. A marcação cerrada da mãe (Barbara Hershey), uma bailarina aposentada que projeta na filha todas as suas expectativas e frustrações, a infantilizam (a começar pelo quarto, repleto de bichos de pelúcia) e distanciam da necessidade que todos temos de trabalhar nossa individualidade e de lidar com questões próprias do mundo adulto, como relacionamentos, sexualidade e autoconfiança. Ela, para a mãe, tem de ser tudo o que a própria não pôde ser. O que, vamos combinar, é pesadíssimo para qualquer ser humano.
A presença de Lily (Mila Kunis), sua possível substituta no papel e a cobrança constante do dono da companhia de dança, Thomas (Vincent Cassel, excelente no papel) a fazem colocar em prática seu lado B.
Uma infinidade de fantasias, delírios e visões por vezes violentas assustam o telespectador. Natalie Portman, com esse papel, a meu ver, questiona as cobranças feitas à mulher na sociedade, mas sobretudo nos contextos em que o feminino impera (balé, moda, etc.).
Na dança, metaforicamente, ela dialoga e se entrega, de forma brutal, à insanidade de não haver vivido a própria individualidade. O preço do papel, o qual Nina conquista, pode ser altíssimo.
Apesar de o filme ser uma verdadeira "pancada" , vale muito a pena ver Portman em cena.
O abraço do Claquete hoje vai para todos os que, como eu, nunca se furtam a assistir a uma boa história na tela, mesmo quando, em alguns momentos, desejamos para ela outro final.
Luz, câmera, REFLEXÃO.
13 de março de 2011 às 16:48
To louca pra ver esse filme. Natalie Portman é fera.
14 de março de 2011 às 05:17
Oi Líz,
apesar da trama ser pesada, vale muito a pena assisti-la. Portman é uma diva... está incrível em cena.
Obrigada por sempre se fazer presente no Claquete Dez!
Beijo!
14 de março de 2011 às 07:21
Oi linda.
Eu DETESTEI o filme.
Não posso negar que a Natalie Portman foi fantástica e mereceu o prêmio de melhor atriz.
Mas, só isso.
Achei o filme chato. Muito chato.
Talvez eu não estivesse na vibe certa.
A questão é que, pra mim, o filme cruza a fronteira entre pertubador, mas interessante, e torna-se cansativo.
Não curti.
Mas, valeu pelo post.
Bjnho
14 de março de 2011 às 20:42
Oi Maitê!Obrigada por tua contribuição.
De fato, há momentos em que o filme fica meio parado e outros que poderiam ter sido cortados da edição final.
O Claquete é um espaço democrático. O que seria do verde se todos curtissem o amarelo? Nisso reside a beleza da vida.
Obrigada, venha sempre que quiser ao Claquete.
Beijão!
15 de março de 2011 às 07:50
Oi Marília!
Mto informativa sua visão do filme.
Eu estava interessada pelo ballet... mas já vi que o "buraco" é bem mais embaixo!
Valeu pela dica!
Beijos
16 de março de 2011 às 08:03
Ver Natalie interpretando o papel de nina foi simplesmente um dos meus maiores deleites cinematográficos, sua intensidade em cena e a sua entrega demonstram que é uma das maiores atrizes que Hollywood tem.
Cise negro, apesar de seus momentos de calmaria e marasmo trabalha não só o psicológico da personagem , mas o nosso próprio. Tive, várias vezes durante o filme, a impressão de estar analisando a minha vida em alguns aspectos, principalmente quando vemos o quão pesadas podem ser as cobranças da vida. Os momentos de "silêncio" do filme nos fazem refletir muitas coisas... valeu a pena... so me arrependo de ter visto sozinho no scinema, pois é um filme para horas de discussão com uma boa taça de vinho!!!! Parabéns Má pela POstagem...é um filme para ser ter em casa e ver sempre!!!
17 de março de 2011 às 18:28
Ainda não assisti a esse filme, mas gosto do que causa certos impactos nos filmes! Fiquei com vontade agora! Vou lá na videolocadora FilmesGrátisEmRMVB ver se tem para baix- digo, alugar.
18 de janeiro de 2012 às 09:31
Comentário do meu querido Ricardo Ribeiro Elias que divido com vcs.
Especialista em mangás, animes e estudioso da cultura japonesa, o Ricardo, garoto prodígio, jovem na idade, mas pesquisador dos mais motivados que conheço, vai comentar algumas produções pra gente aqui no Claquete.
"Natalie Portman é uma grande atriz, sem dúvida. Mas agora parto para os produtores do filme que desconsideraram totalmente a coreógrafa de Natalie, no filme. Os compassos do Cisne Negro são infinitamente complexos, só bailarinos russos têm certa facilidade com isso. A coreógrafa se quer teve seu nome nos créditos do filme o que é extremamente injusto e baixo. Sem a coreógrafa, Natalie não faria metade do que fez. Deixando claro que a culpa não é da Natalie, e sim, dos produtores arrogantes".