Das quadras para a vida


Olá, amigos do Claquete Dez... saudações cinematográficas!!

Nesta semana de "farol baixo" após a volta da seleção para casa, escolhi um filme que deixa no ar uma pergunta: o que é liderar?

Desde sempre, a humanidade busca um sentido para esse termo. Ser líder, a meu ver, é deixar uma lição para as pessoas com quem se convive. No caso de um professor ou treinador, liderar é fazer do próprio comportamento o maior exemplo da conduta que deseja que seus alunos ou jogadores tenham.

Essa é , digamos, a moral da história de nosso filme-post de hoje, Coach Carter: treino para a vida.

Em tempos de fim do sonho do hexa na Copa do Mundo, a película é mais do que nunca inspiradora. Produzido pela MTV Films, dos EUA, o filme, de 2005, conta a história real de Ken Carter, vivido pelo mestre Samuel L. Jackson.

Agora dono de uma loja de artigos esportivos, Carter vive em Richmond, Califórnia. Um lugar em que a esperança é abafada pela criminalidade e a falta de perspectiva.
Nesse local, em que boa parte dos pais de família está morto ou na cadeia, Carter aceita o (imenso) desafio de ser o treinador da equipe de basquete da escola em que se formou e atingiu recordes como jogador.

De personalidade forte e consciente da importância de seu trabalho, o treinador chega para iniciar sua “luta”. Propõe a seus atletas um contrato: para continuar no time, cada jogador precisa frequentar as aulas e ter boas notas em todas as disciplinas.

O que ele encontrou não poderia ser pior: jovens desmotivados, rebeldes, inseguros e grosseiros. De Jason Lion, que não aceita ser chamado de senhor (pois é assim, de maneira formal, mas respeitosa, que Carter os trata e exige ser tratado), a Timo Cruz, jovem descendente de mexicanos que não admite ser contestado, o antigo recordista de Richmond tem um árduo trabalho pela frente. Fora a direção da escola e os pais dos alunos, que, na realidade, estavam “conformados” com o que o “destino” reservara: uma vida pobre e sem perspectivas para aqueles garotos.

Uma caminhada em que, ensinando basquete de modo sério e ao mesmo tempo divertido, Carter vai mesclar, à sua disciplina espartana (manifestada na fala: “o treino começa às três. Às duas e cinquenta e cinco, vocês já estarão atrasados”) uma generosidade e senso de justiça maiores do que ele (quando diz: “se vocês trabalharem e se dedicarem aos estudos, vão vencer. No basquete e na vida”).

O grande dilema, nessa história, ocorre quando Carter, mesmo com os bons resultados que seu time conquista nas quadras, fecha o ginásio e para os treinos. Isso porque as notas dos meninos (parte essencial do contrato feito com eles no primeiro dia) estavam ainda muito baixas.

O fato atrai a atenção da imprensa e da comunidade, que reprova o treinador pela atitude.

Os resultados? Confiram no filme. Bela produção que, em dois dias, arrecadou 24 milhões de dólares em bilheteria.

Liderar, por vezes, é “estagiar” na impopularidade. É desagradar a vontade momentânea (no caso do filme, o basquete) em nome de um objetivo maior. Na trama, o futuro dos jovens e sua chegada à universidade.

Toda a semelhança de Carter com Dunga, por sua firmeza, transparência e caráter, não é mera coincidência. Gosto de Carter por ser firme e íntegro. Gosto de Dunga pelo mesmo motivo.

Destaque para a cena do estudo no ginásio e também para aquela em que o filho de Carter, Damien, decide integrar o time da Escola Richmond, se comprometendo a ter uma média superior à mínima exigida dos demais alunos.

Já assisti a essa história mais de 30 vezes e volta e meia a compartilho com meus alunos e amigos.

Um filme primoroso, com a direção Thomas Carter (coincidência... rs).


Luz, câmera, SUPERAÇÃO!

O abraço do Claquete essa semana vai para Clair (meu pai, que adora os faroestes antigos), Teresinha (minha mãe, leitora do Claquete e estreante na internet), Be, Clau, Guto, Caetano, Fernando, Julia e Rafael (amigos e incentivadores).

2 Response to "Das quadras para a vida"

  1. Anônimo Says:
    7 de julho de 2010 às 15:26

    Bom filme Marília. Tenho a impressão de já ter visto, mas não tenho certeza (foram tantos em que o tema é escola). um abraço e parabéns pelo espaço.

  2. Northon says:
    7 de julho de 2010 às 21:23

    Saber liderar é um dom, e com esse filme vemos que a espada não é mais forte do que a palavra... linda mensagem de confiança e esperança... quem não viu nao sabe o que esta perdendo... Parabéns Ma.

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